Que me ceguem!
Que me anulem os membros!
Que me debotem!
Que me tirem as formas!
Que me calem!
Que será do vazio?
Que será do silêncio?
Que será do nada?
Mesmo do nada a arte ressurgirá,
Pois só ela dá significado ao nada,
Ao amor, a ilusão, à vida, à espada,
Enquanto o mundo estiver a girar.
Ela liberta feias e meias canções;
Num concerto certo ela anima
E em mui elevado grau encima
As mais sutis e profundas emoções.
Que direi da arte?
Que ela é louca?
Se seus meandros impouca
A mais sensata razão?
Porque não dizer que ela é sublime?
Pois com naturalidade exprime
A mente, a alma e o coração.
Edmar Eleutério