Jornal Zona Sul Notícias (São Paulo) - Edição: Nov/2009 - Data de Publicação: 18/11/2009
A MUDANÇA E O SEU PREÇO
A MUDANÇA E O SEU PREÇO
Este é o século dos paradoxos, de mudanças inimaginávieis, surpreendentes. A era tecnológica, que veio para melhorar a qualidade de vida das pessoas, também veio para revelar uma sociedade decadente. Tinhamos que invenções recentes, como o telefone, a televisão e a internet, a partir de sua finalidade básica, a comunicação, aproximariam pessoas e sentimentos, tornando-as mais amáveis e participativas, enlaçando vidas e destinos, mas não é o que tem acontecido. Segundo pesquisas recentes, as pessoas estão cada vez mais interessadas em coisas, cada vez mais egoístas e egocêntricas, cada vez mais afastadas umas das outras por paredes, cada vez mais próximas virtualmente, porém, cada vez mais distantes emocionalmente.
O mundo está mudando significativamente e as mudanças sociais são mais alarmantes, está decaindo a moral, os bons costumes, principais causas da ruína de civilizações inteiras no passado. Está se perdendo o valor da palavra, da ingenuidade, do perdão. Pais e filhos se estranham, amigos se confundem, os fiéis se traem. Parece que Deus e a humanidade estão cada vez mais longe de um possível entendimento, pois se distanciam ainda mais, a medida que os séculos passam; e vemos esfacelar-se os elos do antigo pacto, na face sofrida de refugiados de guerra pelo mundo; no olhar faminto de crianças ao redor do planeta, no apagar dos lampiões da esperança. Vivemos em tempos em que as instituições religiosas, quase em sua totalidade, prostituíram-se. Temo que esteja se cumprindo a profecia, escrita em livros, que os profetas tanto anunciaram; escrita na natureza, cujos fenômenos tanto nos alertaram. Porque a sociedade não tem mais regra, senão o que é material, e por isso não se ouve mais os gritos por liberdade de outrora. Não se ouve mais. Calaram-se, e com eles vão-se os ideais e falece o sentido da vida.
Edmar Eleutério